segunda-feira, 11 de maio de 2015

Na espreita de Wislawa


Toda revolução
nasce tortuosa
num canto quieto
do coração
de um poeta
.
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.
A minha revolução
lamenta numa viola

no parque da luz

Os Músculos são Dantescos

The heart is a mussel
with no bones

The heart stops
we surrender
our mussels
but our memories
remains
bones
ossoduro
deroer
.
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O meu músculo
favorito
é o cérebro
gosto tanto dele
que nem olho
o resto

Na aba
de um chapéu
existe um sol
que se recolhe
que se intorta

No vão
de um chapéu
existe alguém
que se recolhe
que se intorta

sábado, 9 de maio de 2015

Fico louca
faço cara de mal
e para os que duvidam
eu sou
autoral
no ato
eu sou ladra
em desa
cato

Levanto
sacudo a poeira
e saio de fininho
recusando as aspas
meritocratas
muitobrigada
.
.
.
.
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O escrivão já dizia
(dizia sem aspas):

a poesia dotada de furtos
não pode ser enquadrada
no atentado ao pudor das aspas
se eu digo
o que você disse
já não é a mesma coisa

sábado, 7 de março de 2015

Your library is sexy
and the thought that
you read them all
your assumptions
and theories
your grief
time that
embrace
one
emptiness
to another

Sex is
filled with pages
Sex licks
its pages

some taste old
some taste dust
some taste gold
some taste blood

Your library
is sexy,
but now
tell me:
What are you
wearing?

terça-feira, 2 de dezembro de 2014

Estado nebuloso

Firma em mim
a dúvida feita
de orvalho
daquela última madrugada

Abri um livro
no trem
Rabisquei
o livro
no trem

Ensaio
o orvalho daquela última madrugada

As palavras se buscam
nas bocas que são
todas feitas
de orvalho

Ah tempo incerto
da madrugada

Sobe a lápide
dum livro
rabiscado
num trem

A morte aguarda
por entre páginas
dum livro num trem

As pontes
cidade feito orvalho

Se eu tenho o tempo
pra mentir
eu tenho noite
pra dançar

orvalho